Ter, 09 de julho de 2019, 13:52

Manuais do SIGAA são transcritos para LIBRAS
Iniciativa é da Divisão de Ações Inclusivas (Dain) e visa integrar os esudantes surdos às avidades além das salas de aula

Os manuais do Sistema Integrado de Gestão de Atividades Acadêmicas (Sigaa) da Universidade Federal de Sergipe ganharam um novo formato. A partir de agora, todos os módulos destinados aos estudantes contam com sua versão, em vídeo, na Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS)

A iniciativa é da Divisão de Ações Inclusivas da UFS (Dain) e tem como objetivo ampliar os recursos de acessibilidade para os estudantes com deficiência, bem como de inseri-los cada vez mais nas atividades que estão além das salas de aula.

De acordo com a coordenadora do projeto, Elielda Bila, a demanda surgiu das dificuldades apresentadas pelos próprios estudantes surdos ao acessarem o sistema. “É preciso compreender que a língua portuguesa não é a língua oficial da pessoa com deficiência auditiva. Dessa forma, tudo o que nos parece fonética e gramaticalmente compreensível gera inúmeras dúvidas para esse grupo, que muitas vezes deixa de participar de atividades importantíssimas no cenário acadêmico, comprometendo desnecessariamente seu potencial”, diz Elielda, que é tradutora e intérprete de LIBRAS.

Ela explica ainda que, para melhorar esse cenário, era necessário partir do primeiro contato do estudante com a universidade: o Sigaa.

“O estudante faz tudo através do sistema, desde o início do curso à conclusão. Então precisávamos transcrever os manuais de forma a atender essas necessidades. Primeiro, fizemos a organização e a catalogação do material para que os intérpretes da Dain tivessem acesso a todo o conteúdo. Em seguida, fizemos a transcrição, que é um trabalho extremamente minucioso, e, posteriormente, a execução dos vídeos junto ao canal da TV UFS, administrado pelo Núcleo de Editoração e Audiovisual da UFS (Neav). Todo esse processo levou cerca de seis meses e, hoje, está tudo pronto para a visualização dos estudantes”, salienta Elielda.

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Para Alzenira Aquino, chefe do Departamento de Letras Libras (Deli) da UFS, a iniciativa da Dain é fundamental não só no que diz respeito à inclusão da pessoa com deficiência auditiva no âmbito da graduação, mas à sua participação efetiva em todos os processos que envolvem as áreas e atividades acadêmicas.

“Incluir não é apenas garantir o acesso do deficiente à educação superior – até porque isso é um direito previsto em lei -, mas fornecer mecanismos que possibilitem sua permanência no universo acadêmico em todas as suas perspectivas de ensino, pesquisa e extensão. Nesse sentido, a transcrição dos manuais do SIGAA pela Dain é, sobretudo, uma iniciativa que visa auxiliar na melhoria de três pontos históricos bastante negligenciados na educação dos surdos no Brasil: o respeito à LIBRAS, que é a língua oficial do surdo; a carência em relação à língua portuguesa, que é proveniente da educação básica, e a acessibilidade no âmbito da permanência. Isso, por si só, é um trabalho primoroso e, sem dúvidas, terá impacto positivo na vida desses estudantes, salienta Alzenira.

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Cursando o sétimo período de Letras Libras na UFS, o estudante José Emerson dos Santos diz que a transcrição dos manuais contribui significativamente para a mudança de comportamento dos deficientes auditivos frente às próprias demandas acadêmicas. “As pessoas não fazem ideia de como é difícil para um surdo compreender os fundamentos da língua portuguesa. O texto escrito não tem o mesmo sentido para surdos e ouvintes, já que ele vem da fonética e nós não ouvimos. Assim, essa transcrição visual dos manuais, em LIBRAS, é uma forma de nos sentirmos mais motivados a participar da vida estudantil além das salas de aula”, explica José Emerson.

Cândida Suely Menezes, estudante do quinto período de Letras Libras, também acredita que a iniciativa da Dain vai proporcionar melhorias no rendimento dos estudantes. “É diferente quando a gente se vê representado em algo dentro da universidade. Muitos colegas deixam de participar de coisas importantes, como projetos de pesquisa e de extensão, porque os procedimentos são completamente fora da compreensão do surdo. Aqueles que têm mais autonomia, podem ter uma melhor orientação, mas não cabe ao estudante pedir para ser incluído. Esse é um papel da instituição. Assim, a transcrição dos manuais trará ummaior rendimento acadêmico e. sem dúvidas, melhorias na autoestima dos estudantes surdos”, diz Cândida.

Foram transcritos em LIBRAS os seguintes manuais: Ouvidoria, Transferência interna, Extensão, Avaliação institucional, Carteira estudantil, Permuta discente e Estágio.

Por Jéssica Vieira

dain@ufs.br


Atualizado em: Ter, 09 de julho de 2019, 14:14
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