Na última segunda-feira, 14, docentes e técnicos administrativos da Universidade Federal de Sergipe participaram do I Seminário sobre Inclusão no Ensino Superior. O evento, organizado pelas Pró-reitorias de Assuntos Estudantis (Poest) e de Gestão de Pessoas (Progep), teve como objetivo debater a inserção e a permanência dos estudantes com deficiência nos cursos de graduação oferecidos nos cinco campi da instituição.
Após nove anos da sua política de cotas - que estabelece uma vaga por curso de graduação para pessoa com deficiência -, a UFS conta atualmente com 308 discentes matriculados, sendo 135 atendidos pela Divisão de Ações Inclusivas (Dain).
Para a professora Margarida Maia Teles, do departamento de Educação, os dados são cada vez mais expressivos, mas ainda refletem barreiras atitudinais da comunidade acadêmica e da própria sociedade que precisam ser quebradas.
“O contexto histórico da pessoa com deficiência é sofrido, de exclusão, descarte e privação de oportunidades desde o berço das civilizações clássicas. Hoje, por mais que estejamos atentos a um processo inclusivo, ainda reproduzimos conceitos muito equivocados provenientes dessa época e do assistencialismo, que vem depois. Dessa forma, quando um estudante com deficiência chega à sala de aula, supõe-se, previamente, que ele não possui determinadas habilidade e isso é um grande erro porque ninguém pode ser pautado com base em suas limitações”, explicou a professora.
Em sua palestra, ela disse ainda que tais atitudes comprometem a evolução do estudante ao longo da sua jornada acadêmica. “A inserção é garantida através da política de cotas, mas ela não é suficiente para fazer com que o estudante desenvolva suas atividades de forma linear até o fim do curso. É necessário trabalhar a permanência desses estudantes e o não entendimento de que o aprendizado pode ser alcançado de diversas formas é desestimulante. Fazendo com que muitos deles desistam de suas graduações”, salientou a professora Margarida.
Durante o evento, o pró-reitor de assuntos estudantis da UFS, professor Mário Adriano dos Santos ressaltou que, embora o ensino superior esteja dando passos iniciais no processo de inclusão do estudante com deficiência, há um efetivo cada vez mais disposto a trabalhar na sua permanência e, consequentemente, na inserção desses estudantes na pesquisa e na extensão.
“A realidade brasileira ainda está muito aquém do esperado no que se refere à inclusão, mas a UFS tem trabalhado de forma consciente diante das necessidades desses estudantes para que eles ingressem e, principalmente, permaneçam nas salas de aula com equidade, participando não só dos processos de ensino, mas de pesquisa e de extensão. Sabemos que as demandas são crescentes e individualizadas, pois as necessidades – ainda que dentro da mesma deficiência – são diversas, mas é um processo de aprendizado conjunto, no qual todos devemos permanecer empenhados”, disse o pró-reitor.
Outro ponto destacado por ele durante o evento foi a importância de o corpo docente informar suas necessidades e dificuldades em sala de aula. “Sabemos que existem barreiras individuas, mas as necessidades desses estudantes devem ser atendidas de forma a oferecer uma integração consciente, já que a deficiência não está atrelada à competência. E, para atuarmos frente a essas demandas, desde 2014 contamos com a Divisão de Ações Inclusivas (Dain), que atua diretamente no apoio aos estudantes”, ressaltou Mário Adriano.
Na ocasião, o coordenador da Dain, Rogério da Silva dos Santos, explicou a importância de uma comunicação efetiva entre os docentes e o setor para o cumprimento dos processos de inclusão na universidade.
“Uma mesma deficiência abrange formas de apoio diferentes. Mesmo ingressando na universidade através da política de cotas, não temos como saber quais são as necessidades desse estudante, sendo necessário que ele faça a solicitação de apoio através do corpo docente ou diretamente no setor. Dessa forma, teremos não apenas o controle das demandas existentes, mas saberemos avaliar as formas mais eficientes de elaborarmos, em conjunto, os processos de inclusão dentro da instituição”, disse Rogério.
Com o objetivo de fazer com que o assunto seja cada vez mais difundido para toda comunidade acadêmica, a Pró-reitoria de Assuntos Estudantis já estuda um planejamento de ações para docentes e técnicos-administrativos em 2020. Para dúvidas ou solicitações de apoio, estudantes e docentes devem entrar em contato com a Dain pelo email dain@ufs.br ou pelo telefone 3194-6588.
Jéssica Vieira
dain@ufs.br